elefante na sala
- Gi Marques
- 1 de mar.
- 1 min de leitura

num papo desses que a gente tem como quem não quer nada, falei que queria ser um
elefante. patas enormes, cagar em qualquer lugar, viver com um corpo imponente, uma
tromba imensa pra jogar água em quem torrasse a paciência e fazer tudo isso com todo
mundo achando tudo uma graça. tem como ser melhor? me disseram que eu já era: piso
nas pessoas com as palavras. palavras deles. eu não acredito. acho que tenho um
compromisso com as coisas que eu sinto. procuro ser minimamente zelosa com os outros.
cuido pra não ofender ninguém. me preocupo com a interpretação das minhas palavras e
garanto que elas não sejam negativas. se surte efeito negativo em alguém, faz parte do
jogo. quase sempre a culpa não é minha e não me preocupo. autenticidade tem um custo.
esse, eu pago à vista. é importante ter um elefante na sala. alguém que escancare os
pensamentos que silenciam as conversas pela metade. alguém que tenha coragem de
perguntar mais do que tudo bem e você. é importante ter um elefante na sala pra que as
pessoas assumam seus espaços também. sem o elefante, todo mundo se adequa demais.
não precisa. deixem o elefante na sala. ofereçam um banquinho. garantam água e comida,
sempre. e cuidado com a cabeça.
originalmente escrito em 2019.
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